eu estava de pé numa laje por onde corria um rego d’água
não chegava a ser uma cascata
mas quase
e ali por trás da laje de pedra e vento
completamente cercado por montanhas
cobertas daquele verde seco do inverno
destacavam-se nas encostas umas ervas muito altas
parecidas com pés de milho
só que maiores
- espetada no topo delas uma flor roxa
e eu nunca vira uma flor assim-
e então surgiu um beija-flor
sabe-se lá de onde
e ele beijou a espiga de flor
voou para uma árvore fina e sem folhas
descansou um instante
e tornou a voar e sugar outra flor
para retornar ao mesmo galho
e repetiu isto nem sei quantas vezes
como o sol que também ia e sumia e depois reparecia
- e assim se passou uma manhã.