Alto da Sé
Ser o poeta do silêncio
O silêncio que se amoita
Atrás de cada uma das palavras
Sejam murmúrios e sussurros
Gritos ou urros
De dor, de paixão
De amor ou incompreensão
A argamassa do silêncio que
prende uma palavra na outra palavra
A palavra que não significa nada
E a outra palavra
insinuada, mas nunca dita
Maldita
Nunca vista
Como o sereno que encharca a
madrugada
E não se pode enxergar
O átono tônico que pariu a sílaba
mágica
Para sempre cantada
No Convento de São Francisco.